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AARSMF no Presente

Desde a sua fundação, a Associação de Alcoólicos Recuperados do Concelho e Santa Maria da Feira procurou criar uma forma de intervenção integrada, através do estabelecimento de diversas parcerias e colaborações concelhias, nomeadamente a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira/Projecto luta Contra a Pobreza “Direitos e Desafios”, a Associação de Desenvolvimento Concelhio “Pelo Prazer de Viver – Saúde, Cultura e Vida”, a Conselho Local de Acção Social, o Centro de Saúde de Santa Maria da Feira e a Equipa de Reinserção Social de Entre Douro e Vouga.

Para o desenvolvimento das actividades apresentadas a AARSMF dispõe de uma equipa técnica multidisciplinar conta com 3 psicólogos, 2 técnica de serviço social, 1 socióloga, 1 administrativo e cerca de 12 monitores voluntários. A estabilidade desta equipa é mantida devido ao apoio financeiro da Câmara Municipal (através de um acordo de parceria) e do Instituto de Solidariedade Social (mediante um acordo atípico) que garante o pagamento de honorários de alguns técnicos referidos anteriormente.
Dado o profundo conhecimento da Associação no que concerne à realidade local da problemática do alcoolismo, essas entidades têm nesta associação um parceiro central no apoio e acompanhamento de famílias que sofrem problemas ligadas ao álcool, mas também no desenvolvimento de acções preventivas junto da comunidade.

As parcerias, sendo fundamentais no trabalho da Associação, constituem uma faceta desse mesmo trabalho. Outras instituições são também indispensáveis para o sucesso e a eficácia das intervenções. O ex – Centro Regional de Alcoologia do Centro (actualmente Unidade de alcoologia do Centro/IDT) é o principal apoio da Associação no que diz respeito ao internamento de doentes para desintoxicação e tratamento. A articulação com esta Unidade de Alcoologia facilita o encaminhamento dos doentes bem como o seu acompanhamento no período pós-desintoxicação, o que permite que estes se sintam mais apoiados e mantenham uma mais forte motivação para a abstinência e a mudança de hábitos de vida.

Outras Instituições Particulares de Solidariedade Social e Juntas de Freguesia articulam igualmente com a Associação a intervenção integrada em situações de alcoolismo mas também na realização de acções de prevenção, informação e sensibilização junto da população.
Sendo o alcoolismo uma problemática nacional, e existindo outras associações congéneres no país, a Associação de Alcoólicos Recuperados procura estabelecer laços de proximidade e colaboração com essas associações, partilhando saberes e experiências de intervenção, criando uma rede mais forte de entidades que funcione como uma plataforma de alerta nacional para as dificuldades e constrangimentos do trabalho nesta área.

Para finalizar não deixa de ser importante referir algumas dificuldades sentidas no desenvolvimento das nossas acções e que se encontram inerentes especificamente à problemática do alcoolismo. Por um lado, verifica-se que as crenças sociais favoráveis ao consumo excessivo de álcool estão muito presentes no quotidiano das comunidades locais, apesar de estas estarem melhor informadas em relação aos malefícios do consumo abusivo de álcool. Por outro lado, o trabalho no terreno, tem-nos confrontado com a extrema dificuldade de motivar os doentes para o tratamento, que se deve à natureza da própria doença (que altera o estado de consciência e a personalidade dos indivíduos), o que leva à disfuncionalidade e conflito familiar, reduzindo o suporte familiar e social aos doentes.

É importante ainda referir que se verifica uma sobremortalidade ligada ao álcool, evidenciada por uma diminuição da “esperança de vida” dos bebedores excessivos comparativamente com os bebedores moderados. Para além disto, o consumo excessivo de álcool é um factor de risco elevado no desenvolvimento de cirroses hepáticas e cancro (boca, faringe, esófago e fígado) e está associado a acidentes de viação, suicídio e violência intencional contra os outros.

Em todos estes factos salienta-se o impacto negativo do alcoolismo ao nível social e familiar, mas também económico, pelas perdas de produtividade, absentismo e desemprego, bem como pelas despesas acrescidas suportadas pelo Sistema Nacional de Saúde. Urge daí a necessidade premente de uma intervenção integrada, qualificada e abrangente nesta área por forma a minimizar as consequências nefastas da problemática, capacitando indivíduos e famílias para a (re)construção do seu projecto de vida de uma forma activa, promovendo uma mudança saudável.